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04/10/2023

Prêmio Por Um Mundo Sem Lixo reconhece projetos circulares na Fenecit

Por Arlene Carvalho, do Movimento Circular

A primeira edição internacional do Prêmio Por Um Mundo Sem Lixo está agendada para o próximo dia 25 de novembro e contará com a participação de projetos científicos relacionados à Economia Circular em diversos países, incluindo Brasil, Argentina, México, Colômbia e Chile.

Este ano, o prêmio já destacou uma série de projetos notáveis em várias feiras de ciências e tecnologia em toda a América Latina. Um desses destaques foi o projeto Praec, originado em Pedra Branca, no Ceará, que conquistou o primeiro lugar no Prêmio Por Um Mundo Sem Lixo durante a Feira Nordestina de Ciência e Tecnologia (Fenecit), realizada no Recife (PE), em setembro.

O Projeto Praec levou o primeiro lugar na feira. O Projeto Praec levou o primeiro lugar na feira. Imagem: Ismaela Silva/Movimento Circular

A dupla formada pelos estudantes Caio Santos e Luiz Henrique Lima conquistou um lugar na premiação do Movimento Circular. A ideia do projeto é ser um sistema autônomo para tratamento de água residual contaminada e uma alternativa tecnológica, correta e limpa para as regiões equatoriais e áridas nordestinas. Toda a ideia e o problema surgiram da realidade deles próprios, que são estudantes da Escola Estadual de Educação Profissional Antônio Rodrigues de Oliveira, situada em Pedra Branca, distante de Fortaleza, capital do Ceará, em mais de 260 km.

“Pensamos numa possibilidade de reaproveitar essa água que já é tão pouca, sem perder nenhuma parte do resíduo e fazendo uso de programação de computadores para automatizar esse processo”, explica Luiz Lima. “Diante dessa escassez, é primordial que a comunidade científica busque maneiras de tratar e reutilizar água residual doméstica para beneficiar as famílias, especialmente as de baixa renda, que sofrem mais com a falta de água”.

WhatsApp Image 2023-10-04 at 00.34.06.jpeg O sistema é simples de ser feito e segundo os estudantes, também é barato. Foto: Ismaela Silva/Movimento Circular

O colega, Caio Santos, conta que eles precisavam do auxílio do IFCE — Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará — Campus Quixadá, cidade vizinha à Pedra Branca. “Para testar se nosso sistema era eficaz, precisamos medir a qualidade da água que entrava nele e que saía. A coloração era um bom indicativo, mas precisávamos de dados concretos”, relata.

Os estudantes da 3ª série do ensino médio destacaram a possibilidade de replicação do sistema para diferentes quantidades de água. “É só a gente adaptar o tamanho das peças e dos recipientes de acordo com as quantidades. Nosso sistema não usa nenhum tipo de aditivo, e sim, faz uso dos próprios processos do ciclo da água”, comenta Luiz Lima. “É um sistema simples de ser feito, barato - onde você pode montar as válvulas com peças recicladas, e caso precise comprar, não é caro”.

Um site ainda está sendo desenvolvido e deve ser publicado para a comunidade em breve. Além disso, a dupla promove oficinas em sua região para que outros estudantes possam replicar o modelo ou criar sua própria invenção para beneficiar a comunidade.

20230930105135_IMG_6010 (1).jpg Os estudantes gaúchos criaram um bioplástico altamente resistente. Foto: Ismaela Silva/ Movimento Circular

Outros destaques

Além do Projeto Praec, outros chamam a atenção do Movimento Circular. Foi o caso do projeto “Produção e análise de filmes poliméricos biodegradáveis a partir da casca do arroz e da palha do milho”, que ficou em segundo lugar no PPMSL.

Realizado por estudantes do Rio Grande do Sul, o projeto visa combater a poluição causada por plásticos não biodegradáveis com a produção de bioplásticos a partir de resíduos agrícolas, como cascas de arroz e palha de milho - abundantes e sem destino, além da queima, segundo os estudantes, no RS. Esses bioplásticos são solúveis e biodegradáveis, reduzindo o impacto ambiental. O objetivo é oferecer alternativas mais sustentáveis para a indústria e mitigar os problemas causados pela poluição plástica.

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Vários experimentos mostraram que o bioplástico feito a partir da palha do arroz e do milho com a gelatina é o mais bem sucedido dentre os testados. Foto: Arlene Carvalho/Movimento Circular

O terceiro lugar do PPMSL ficou, novamente, com o Ceará, dessa vez, na cidade de Beberibe - a cerca de 84 km de Fortaleza. O projeto é o Bio - Heilverband e explora o uso de medicamentos fitoterápicos para tratar queimaduras. Foi desenvolvido um curativo feito a partir de uma mistura de azeite de oliva, amido de batata doce, camomila e aloe vera, com propriedades cicatrizantes. O curativo reduz o tempo da cicatrização e decompõe rapidamente no solo, reduzindo resíduos.

20230927_114510 (1).jpg A ideia do projeto é criar um curativo eficaz contra queimaduras e que gere menos resíduos. Foto: Ismaela Silva/Movimento Circular

Menção honrosa

A cidade de Beberibe, no Ceará, também trouxe a nossa menção honrosa deste ano. Com o projeto Bio Plants No Termites, estudantes observaram a quantidade abundante de cascas de caranguejo pela orla da praia e resolveram investigar o potencial do uso destas como fertilizante e pesticida em plantas na região da cidade. Após a coleta e preparação das cascas, elas foram aplicadas em plantas de pequeno e grande porte.

Os resultados mostraram um crescimento saudável das plantas e a eliminação eficaz de cupins após a aplicação. Este trabalho sugere a viabilidade de usar cascas de caranguejos como um fertilizante e pesticida biodegradável, embora mais pesquisas sejam necessárias dada a escassez de literatura sobre o assunto.

20230930123721_IMG_6029 (1).jpg A pesquisa com caranguejos das meninas de Beberibe, no Ceará, é tão inovadora, que até para achar bibliografia foi difícil! Imagem: Ismaela Silva/Movimento Circular

A Fenecit e o Movimento Circular

Um mundo com cada vez mais oportunidades é criado através das conexões que são feitas. Foi este o pensamento para unirmos o Movimento Circular e toda a sua expertise para fomentar a Economia Circular e a Feira Nordestina de Ciência e Tecnologia (Fenecit) - que realizou sua 19ª edição em setembro.

“A Fenecit surgiu da minha admiração e vontade de levar meus alunos para a Febrace. Como não era possível, eu trouxe um pedacinho para cá. É inspirador ver o quanto eles se dedicam e o quanto a Fenecit impacta a vida deles”, explica Rosenilda Vilar, professora e idealizadora da feira.

A parceria traz à tona a ciência que se tornou parte da rotina escolar do estudante e que já foi, ou tem grande potencial para tornar-se ações concretas e que possam transformar nossa lógica de vida.

Para o Movimento Circular, a parceria com feiras como a Fenecit significa, justamente, criar novas oportunidades para um mundo sem resíduos.

“Para nós, do Movimento Circular, a parceria com a Fenecit significa o início da expansão de um grande movimento por um Mundo sem Lixo. Conhecer e reconhecer projetos com iniciativas em Economia Circular também no Nordeste do Brasil, fortalece ainda mais todo o trabalho que vem sendo feito por alunos no Brasil e outros países da América Latina por transformações reais da cultura do lixo para uma economia mais circular”, afirma Maria Carolina Stenico, gestora de projetos do Movimento Circular.

O que é Economia Circular?

A Economia Circular propõe um novo olhar para nossa forma de produzir, consumir e descartar, a fim de otimizarmos os recursos do planeta e gerar cada vez menos resíduos. Ou seja, um modelo alternativo ao da Economia Linear - extrair, produzir, usar e descartar - que tem se provado cada vez mais insustentável ao longo da história.

Na Economia Circular, a meta é manter os materiais por mais tempo em circulação por meio do reaproveitamento, até que nada vire lixo! Para que esse modelo se torne uma realidade, todos nós temos um papel a desempenhar. É um verdadeiro círculo colaborativo, que alimenta a si mesmo, e ajuda a regenerar o planeta e nossas relações.

Aprenda sobre Economia Circular

Se você tem interesse em conhecer mais sobre esse tema, acesse a Circular Academy, o primeiro curso latino-americano gratuito sobre economia circular voltado ao público geral. Todos nós, em parceria e colaboração, podemos fazer a diferença na construção de um planeta mais circular.

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