31/05/2022
Economia circular para a regeneração do ambiente
No dia 5 de junho milhões de pessoas em todo o mundo celebram o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data foi instituída pela ONU em 1972, há 50 anos, durante a Conferência de Estocolmo (na Suécia), que discutia o futuro ecológico do planeta. Desde então, esse dia se tornou a maior plataforma global de alcance ambiental e traz como tema deste ano “Uma Só Terra”, com foco na "vida sustentável em harmonia com a natureza". Nós do Movimento Circular acreditamos que a economia circular é um caminho viável e de longo prazo para a regeneração dos ecossistemas e convidamos o Professor Dr. Edson Grandisoli, Coordenador Pedagógico e Embaixador Educacional do Movimento Circular, para escrever um artigo sobre o potencial da economia circular para regeneração do ambiente. Confira.
Professor Dr. Edson Grandisoli, Coordenador Pedagógico do Movimento Circular
A visão do ambiente como depósito de recursos naturais e local de recebimento de resíduos já se mostrou insustentável. Muitas pesquisas, como a publicada por Will Steffen e colaboradores, em 2015, na conceituada Revista Science, demonstram que a atividade humana já ultrapassou diferentes limites ou fronteiras planetárias, fato que tem sido corroborado pelas recentes publicações do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), que afirmam que alguns impactos ao ambiente já podem ser considerados irreversíveis.
Secas prolongadas, enchentes regulares, incêndios de grandes proporções, ondas de calor ou frio severas, são apenas algumas das consequências das nossas ações sobre o ambiente, as quais têm sido regularmente documentadas e analisadas pela ciência.
Impactos ao ambiente causam, invariavelmente, impactos sobre as pessoas, em especial aquelas em situação de maior vulnerabilidade. A ONG Oxfam apontou, em 2020, que o 1% mais rico da população mundial emite o dobro de gases do efeito estufa que a metade mais pobre do planeta.
Economia Circular como alternativa
Frente a esse cenário preocupante, precisamos buscar alternativas. Precisamos agir de modo a não somente reduzir nossos danos ao ambiente, mas a regenerá-lo e, em conjunto garantir o desenvolvimento humano e a garantia das liberdades individuais. A tarefa não é simples, mas é urgente.
A mudança no nosso modelo econômico (linear) poluidor e excludente para um baseado na circularidade tem sido cada vez mais considerado, e posto em prática, por diferentes atores sociais como empresas, governo e cidadãos.
Passos para uma economia mais circular
A Fundação Ellen MacArthur identificou quatro blocos básicos de ação para a construção de uma economia mais circular. São eles:
- Design para a circularidade: empresas precisam desenvolver competências de design circular para facilitar o reuso, a reciclagem e o aproveitamento de produtos em múltiplos ciclos.
- Novos modelos de negócio: a transição para uma economia circular requer modelos de negócio inovadores que substituam os existentes ou ajudem a capturar novas oportunidades.
- Ciclos reversos: envolve logística da cadeia de entrega, separação, armazenamento, gestão de risco, geração de energia, e até mesmo biologia molecular e química orgânica de polímeros.
- Condições sistêmicas favoráveis: mecanismos de mercado devem desempenhar um papel central, com o apoio de políticas públicas, instituições de ensino e formadores de opinião.
Estes quatro blocos de ação devem, em especial, trazer consigo processos para a regeneração do ambiente (garantindo o funcionamento de seus múltiplos serviços ecossistêmicos); direito à vida (considerando as outras milhares de espécies de seres vivos que dependem do ambiente) e; criação de novas oportunidades de trabalho digno e inclusão social (visando justiça social, ambiental e climática).
A partir desse quadro, espero ter deixado clara a complexidade dos processos que envolvem as relações entre ambiente e sociedade.
A economia circular traz em seus fundamentos a importância da corresponsabilidade, que nasce da participação, do diálogo e da cocriação.
Que o dia 05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, estimule reflexões e ações mais sistêmicas e coletivas, e que invoquem a necessidade urgente de construirmos juntos um presente e um futuro mais dignos unido a conservação do nosso ambiente ao desenvolvimento humano.
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