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26/01/2024

De novela a BBB: Rede Globo investe em Economia Circular nas suas produções

Por Arlene Carvalho, do Movimento Circular

Você já pensou no processo por trás da criação da sua novela favorita ou do reality show que você acompanha diariamente? Roteiro, produção, caracterizações, locações, gravações - etapas que compartilham um desafio comum: o potencial gerador de resíduos. Atenta a isso, a Rede Globo, maior empresa de comunicação do Brasil e segunda maior rede de televisão comercial do mundo, desenvolveu o Guia de Produções Verdes - um orientador para impulsionar a Economia Circular e tornar suas produções mais sustentáveis e circulares.

O guia é um documento que estabelece diretrizes para as produções da emissora e abrange desde a pré-produção até a desprodução. Ele prioriza práticas e materiais ecologicamente corretos, a não geração de lixo, a identificação de oportunidades para tornar os processos mais circulares e sustentáveis, e o alinhamento com a agenda ESG (Ambiental, Social e Governança) - descrito no Relatório Jornada ESG de 2022 da Rede Globo.

De acordo com o guia, todas as obras de entretenimento veiculadas na emissora ou em suas plataformas devem adotar boas práticas ambientais, fundamentadas nos 7 R’s da Economia Circular. A novela Pantanal, exibida em 2022, serviu como piloto para a implementação do documento.

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Pantanal foi exibida em 2022. Imagem: Reprodução/TV Globo

Maurício Gonzalez, diretor do Centro de Serviços Compartilhados da Globo, explica que o guia é do que a junção de várias práticas que já eram realizadas sob um único guarda-chuva e o remake da novela de Benedito Ruy Barbosa foi perfeito para testar o projeto por ser a obra que é. “A temática, a localização das gravações… Nós tínhamos que preservar aquele ecossistema tão importante para todo o Brasil e esta missão ia sempre mais além. Nós procuramos pensar em materiais recicláveis, reutilização da água, no relacionamento com as comunidades locais e o uso de seus serviços…”.

Além de Pantanal, as séries 'Os Outros' e 'Justiça 2', juntamente com os reality shows 'No Limite 22', 'No Limite – Amazônia' e Big Brother Brasil 23, destacam-se como algumas das primeiras produções a implementar as diretrizes do guia na emissora. Após o término do BBB 23, a Rede Globo reciclou e/ou reutilizou 125 toneladas de materiais, incluindo madeira, entulho e lona, sendo a maioria desses itens doada ou vendida para cooperativas de reciclagem no Rio de Janeiro. Desde 8 de janeiro de 2024, está sendo exibida a 24ª edição do BBB que também está em conformidade com os princípios estabelecidos no documento.

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Cozinha do BBB em 2023. Imagem: Reprodução/TV GLOBO.

Entretenimento circular

Resultados da implementação do guia são vistos em números, de acordo com o diretor da Globo. “Em 2019, nós mandamos 80% dos nossos resíduos para aterros sanitários. Tudo legalizado, claro. Mas ainda sim, muito. Em 2023, esse panorama inverteu e nós passamos a conseguir reciclar 80%. Só 20% do resíduo vai para esses aterros e até 2030, nós pretendemos zerar esse número. Quando a gente pensa em gestão de resíduos, a gente pensa lá no começo da produção. Em usar materiais que possam ser reciclados, reutilizados ou reaproveitados. Pensamos em um parceiro para onde destinar o isopor que usamos em nossos cenários para a construção, outro para quem podemos doar o restante de tecidos que sobrou dos figurinos”, ressalta.

Ao pensar em toda a cadeia de produção, a emissora destaca a importância da logística reversa em seus processos, que em diversas áreas do entretenimento da Rede Globo, destaca-se por iniciativas concretas e detalhadas no Relatório ESG. No ano de 2022, a doação significativa de 260 toneladas de tecidos, equipamentos de tecnologia e outros materiais, incluindo mobiliários, destaca-se como um exemplo notável. Além disso, a Fábrica de Cenários e Produção de Figurinos contribuiu com 251,6 kg de tecido para instituições envolvidas na capacitação de costureiras e na produção de novos produtos. Outras ações incluem treinamentos sobre coleta seletiva nas cidades cenográficas, o lançamento do aplicativo Circula Globo em operação-piloto para otimizar a reutilização interna de materiais em boas condições, a substituição de garrafas de água de plástico por latas de alumínio em 2022, resultando na redução do uso de 1,5 milhão de copinhos plásticos destinados à reciclagem. Adicionalmente, a emissora destinou podas de galhos e árvores de São Paulo e Rio de Janeiro para compostagem, implementou práticas de reutilização da água, e adotou tintas recicladas na criação de tinta cinza para pintar ambientes da empresa.

Para Gonzalez, esses resultados não seriam possíveis sem “o conjunto de ações ordenadas com foco no meio ambiente e que o guia oferece”. Atualmente, todas as produções do entretenimento da Rede Globo seguem os princípios do guia - que segundo o diretor, é bem aceito pelos profissionais envolvidos nas produções. “As pessoas realmente assinam um termo de adoção das medidas, mas são questões que já fazem parte da vida das pessoas e dos próprios colaboradores - algo que eles mesmos demandavam que reforçássemos o olhar”, explica.

A alta adesão dos colaboradores ao guia fortalece os resultados e destaca a importância de considerar a co-responsabilidade nas soluções, um princípio enfatizado na Economia Circular. O diretor ressalta: "se estabelecemos uma política e, do outro lado, alguém não cumpre sua parte, não alcançamos o sucesso. Cada indivíduo precisa desempenhar sua função de maneira eficiente e comprometida."

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Elenco de “Os Outros”, produção do Globoplay - já feita dentro das diretrizes do Guia das Produções Verdes. Imagem: Reprodução/TV GLOBO

Um novo dia de um novo tempo que começou?

Por enquanto, o Guia de Produções Verdes só contempla o entretenimento da emissora, mas de acordo com González, deve ser adaptado e incorporado aos setores de jornalismo e esportes ainda em 2024. “Tudo que é corporativo vale para a empresa toda, mas ainda não temos um guia específico para as áreas. Jornalismo e Esportes seguem rotinas próprias e demandam soluções próprias, mas isso já está sendo pensado. Não temos uma data fechada, mas creio que já em 2024”, comenta Gonzalez.

Para além do guia, um dos marcos da agenda ambiental da emissora é a construção dos Estúdios Globo, em 1995, que há 29 anos, já foi considerado sustentável por incorporar práticas como tratamento eficiente de água, utilização de energia renovável, reutilização de resíduos e preservação de 70% da área total com espécies nativas da Mata Atlântica, em uma extensão total de 1,73 milhões de metros quadrados.

Atualmente, a Rede Globo divulgou que visa atingir 100% de sua matriz energética proveniente de fontes renováveis até 2030, representando um consumo equivalente ao de uma cidade com 90 mil habitantes.

Gonzalez ainda destaca que avanços são possíveis graças à tecnologia e ao comprometimento constante com a sustentabilidade. “Temos uma tradição de engajamento ambiental que faz parte do DNA da emissora e continua evoluindo para promover práticas mais ecológicas em suas diversas áreas de atuação”, finaliza. Desse modo, o Guia de Produções Verdes é apenas o começo de um novo capítulo na relação da emissora com a Economia Circular.

Sobre o Movimento Circular

Criado em 2020, o Movimento Circular é um ecossistema colaborativo que se empenha em incentivar a transição da economia linear para a circular. A ideia de que todo recurso pode ser reaproveitado e transformado é o mote da Economia Circular, conceito-base do movimento. O Movimento Circular é uma iniciativa aberta que promove espaços colaborativos com o objetivo de informar as pessoas e instituições de que um futuro sem lixo é possível a partir da educação e cultura, da adoção de novos comportamentos, da inclusão e do desenvolvimento de novos processos, produtos e atitudes.

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