06/05/2024
Artigo: o que as chuvas nos ensinam sobre circularidade?
Prof. Dr. Edson Grandisoli
As notícias sobre eventos climáticos no Brasil e no mundo se tornam cada vez mais frequentes. Em 2023, o Brasil teve um recorde de desastres causados por eventos climáticos extremos. Estes eventos incluem a seca histórica na Amazônia, ventos devastadores em diferentes regiões do estado de São Paulo e recordes atrás de recordes de temperaturas elevadas e pluviosidade.
IAG-USP
Número de dias com chuvas acima de 80 e 100mm na Região Metropolitana de São Paulo medidos pelo IAG-USP
(Marengo et al., 2020)
* 2020 até fevereiro
Em abril de 2024, o Brasil registrou chuva acima da média e calor, com acumulados de chuva que ultrapassaram a média histórica nos estados da Bahia, Rio Grande do Sul, Pará e Maranhão, segundo a página do Instituto Nacional de Meteorologia (https://portal.inmet.gov.br/noticias/noticias?noticias=Eventos%20Extremos).
Vale pontuar, que a subida rápida do nível das águas devido às fortes chuvas é apenas o início de uma série de eventos em cascata como a perda da moradia e bens, falta de água, aumento das doenças de veiculação hídrica, falta de energia, paralisação dos transportes, desabastecimento, entre outros. Os resultados desses eventos extremos para as pessoas, em especial as mais vulneráveis, são devastadores, e muitas não conseguem se recuperar dos impactos. Não é mais possível negar a nova realidade trazida pelas mudanças do clima. Fazê-lo seria antiético e desumano.
Frente ao caos, palavras como prevenção e responsabilidade são frequentes. A grande maior parte dos aglomerados urbanos no Brasil e no mundo não estão preparados, adaptados, para o rápido aumento de intensidade e frequência de eventos extremos.
Estamos vivendo um momento decisivo da nossa história na Terra. Precisamos rever e analisar nossas escolhas até aqui, e como elas têm determinado o destino de milhões de pessoas. Precisaremos rever os materiais e a arquitetura que temos utilizado nas moradias, a disposição da rede elétrica, o processo permanente de impermeabilização do solo, o aterramento dos córregos, a supressão de áreas verdes e áreas de proteção permanente (APPs), o uso intensivo de combustíveis fósseis como fonte de energia, a ocupação de áreas de risco, entre tantas outras. Estamos tratando aqui de uma verdadeira e legítima revolução nas formas de ver e estar no planeta.
Acredito de um dos modelos que nos dá várias pistas sobre como construir um presente e um futuro melhores para todos é o da Economia Circular. Os 7 Rs concretizam de forma muito elegante caminhos para uma ação integrada e corresponsável.
No tocante à mudança climática, em especial, repensar, recusar e reduzir o uso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e xisto) é fundamental – e vale dizer consenso na comunidade científica – para a diminuição das emissões de gases de efeito estufa, que colaboram para o aumento da temperatura média do planeta e para as mudanças no clima. As alternativas para obtenção de energia já existem, mas ainda recebem pouco incentivo para sua adoção em larga escala, colaborando para o chamado phase out do petróleo, uma das principais expectativas da COP 28 que não foi contemplada.
O enfrentamento da crise climática é de responsabilidade de todos os sujeitos sociais, mas é atualmente uma questão crítica nos campos político e diplomático. Como seu candidato(a) à prefeitura se posiciona frente à questão climática? E para além do discurso, como ele(a) efetivamente tem atuado na busca por soluções? Frente à realidade vivida e sofrida no sul do país, talvez essa seja uma das perguntas mais importantes a serem consideradas nesse momento.
Sobre o Movimento Circular
Criado em 2020, o Movimento Circular é um ecossistema colaborativo que se empenha em incentivar a transição da economia linear para a circular. A ideia de que todo recurso pode ser reaproveitado e transformado é o mote da Economia Circular, conceito-base do movimento. O Movimento Circular é uma iniciativa aberta que promove espaços colaborativos com o objetivo de informar as pessoas e instituições de que um futuro sem lixo é possível a partir da educação e cultura, da adoção de novos comportamentos, da inclusão e do desenvolvimento de novos processos, produtos e atitudes. O trabalho conta com a parceria pioneira da Dow, empresa de produtos químicos, plásticos e agropecuários, com sede em Michigan, Estados Unidos. O Movimento Circular contabiliza hoje 4 milhões de pessoas impactadas por suas ativações e conteúdos.