12/05/2023
Economia Circular como solução para resíduos do mercado pet
Mais de 8 milhões de toneladas de plástico acabam nos oceanos a cada ano, segundo a organização ambientalista WWF. Então, que tal ajudar a reduzir os resíduos plásticos no meio ambiente?
É de olho nos resíduos gerados pelas embalagens plásticas dos alimentos dos animais de estimação (sacos de ração) que a Dow, líder em ciência dos materiais, a Nestlé Purina, líder no mercado de alimentos para animais de segurança, e a Fundação Avina, organização da sociedade civil focada em enfrentar os desafios sociais na América Latina, criaram o projeto Pegada Limpa.
A proposta é estimular a criação de uma cadeia de reciclagem de embalagens de alimentos para animais de estimação, potencializando a conversão de 300 toneladas de plástico circular e impactando positivamente a renda de aproximadamente 5 mil catadores no Brasil e na Argentina.
A preocupação ganha força junto com os números do mercado pet. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o mercado pet brasileiro teve um faturamento de cerca de R$ 40 bilhões em 2020, o que representa um crescimento de 13,5% em relação a 2019. O Brasil tem cerca de 141,6 milhões de animais de estimação, incluindo 55,1 milhões de cães e 24,7 milhões de gatos, de acordo com uma pesquisa realizada em 2019 pelo Instituto Pet Brasil.
Já na Argentina, segundo a Câmara de Produtos para Animais de Estimação (Capem), o mercado pet faturou cerca de US$ 2,3 bilhões em 2020, um aumento de 25% em relação a 2019. A mesma pesquisa mostra que a população desses bichinhos é de cerca de 10,8 milhões, incluindo 7,3 milhões de cães e 3,5 milhões de gatos. Haja fofura! Mas também haja resíduo gerado pelas embalagens dos alimentos destes pets.
Por isso, o projeto Pegada Limpa busca viabilizar, na prática, o fechamento do ciclo da reciclagem dessas embalagens. A iniciativa deve acelerar a circularidade, já que desenvolve e implementa soluções que atuam nos principais desafios de cada fase da cadeia: desde o desenvolvimento de embalagens 100% recicláveis e/ou reutilizáveis, até o incentivo para o descarte correto das embalagens pelos consumidores e a incorporação de plástico pós-consumo (PCR) a novos produtos.
O impacto do projeto ainda colabora diretamente para o desenvolvimento de novas soluções e tecnologias ainda mais avançadas, gerando novas oportunidades para os recicladores. O projeto Pegada Limpa é financiado pela Fundação Dow, que investe US$ 500 mil por meio do Fundo de Impacto nos Negócios.
“Com investimentos nas melhores tecnologias e em colaboração com convertedores e proprietários de marcas, estamos inovando para tornar a economia circular uma realidade. Esse projeto permitirá aumentar o valor dos resíduos, possibilitando que um novo ecossistema industrial cresça, onde os catadores serão beneficiados, ao mesmo tempo em que diminuem os resíduos, todos saem ganhando”, ressaltou Marcus Carvalho, Líder de Inovação e Cadeia de Valor para Embalagens na América Latina da Dow.
Como funciona a prática do Pegada Limpa?
Tudo começa com a colaboração da Dow com a Nestlé Purina trabalhando juntas no desenvolvimento de embalagens para que elas sejam 100% recicláveis e/ou reutilizáveis, passa pelo trabalho para conscientizar os consumidores sobre o descarte correto de embalagens e incentivar a coleta seletiva por meio de cooperativas de reciclagem; e, finalmente, chega na fase de incorporar resinas PCR (plástico pós-consumo) a novos produtos.
Segundo Eric Zeller, Business Executive Officer da Nestlé Purina no Brasil, a empresa visa, com o projeto Pegada Limpa, converter os resíduos de embalagens de alimentos para animais de estimação em materiais de valor, promovendo a circularidade das embalagens nos pontos varejistas. “Além de uma marca confiável, temos o compromisso de tornar todas as embalagens 100% recicláveis até 2025, o que só é possível com a participação ativa de todos os agentes da cadeia, incluindo nossos consumidores”, reforçou.
De que forma os catadores são beneficiados?
Para concretizar a transformação de uma economia linear para a circular, as empresas trabalham em conjunto com cooperativas de recicladores sob coordenação da Fundación Avina, com foco na geração de valor para um novo fluxo de resíduos dessas embalagens. É o que defende Luis Miguel Artieda, coordenador regional de reciclagem inclusiva na organização: **“Um projeto como esse tem um enorme potencial de transformação de vidas que vai além do impacto ambiental. Nos permite cumprir a missão de recuperar e reciclar resíduos que atualmente estão se perdendo, integrar cooperativas de recicladores de base e contribuir para melhorar sua qualidade de vida”.
A Fundación Avina explica ainda que o projeto une diferentes atores da cadeia para inovar e gerar demanda por embalagens para alimentos de animais de estimação. Essa nova demanda deve gerar mais oportunidades para que os recicladores exerçam seu ofício e, assim, sustentem suas famílias. “Uma real transformação da economia linear para a circular não é possível sem o envolvimento de toda a sociedade, com o Pegada Limpa trabalhamos para atingir esse objetivo”, acrescenta Luis Miguel.
O que é Economia Circular?
A Economia Circular propõe um novo olhar para nossa forma de produzir, consumir e descartar, a fim de otimizarmos os recursos do planeta e gerar cada vez menos resíduos. Ou seja, um modelo alternativo ao da Economia Linear - extrair, produzir, usar e descartar - que tem se provado cada vez mais insustentável ao longo da história. Na Economia Circular, a meta é manter os materiais por mais tempo em circulação por meio do reaproveitamento, até que nada vire lixo! Para que esse modelo se torne uma realidade, todos nós temos um papel a desempenhar. É um verdadeiro círculo colaborativo, que alimenta a si mesmo, e ajuda a regenerar o planeta e nossas relações.
Aprenda sobre Economia Circular
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