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09/08/2022

Dia internacional dos povos indígenas

Estamos no mês em que se celebra o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Há pouco mais de 27 anos, por decreto da Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo passou a comemorar esse importante marco.

A criação da data comemorativa (9 de agosto) foi ponto inicial para a elaboração da “Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas”, documento que assegurou às etnias originárias o direito à autoafirmação cultural, política, social e econômica - além do pleno desfrute dos Direitos Humanos. Mas por que essa celebração segue tão importante? E o que tem a ver com a Economia Circular?

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As temáticas associadas à data trazem luz a um distanciamento sociocultural cada vez maior entre dois campos: sociedades que vivem inseridas na lógica linear apoiada na superexploração dos recursos, no consumismo e no descarte irregular de resíduos, enquanto os povos originários, detentores de conhecimentos - alguns milenares - tentam permanecer respeitando os ciclos da natureza por meio de uma relação mais harmônica com o ambiente.

No Brasil, essa tensão entre a sociedade de consumo e a importância da manutenção das terras e da cultura dos povos originários acaba fomentando preconceitos, desinformação e violência, como temos visto frequentemente nos noticiários.

A economia linear - baseada no tripé produção-consumo-descarte -, portanto, afeta diretamente a sociobiodiversidade. É aí que a Economia Circular se apresenta como importante alternativa.

De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), as terras indígenas ocupam cerca de 13% do território brasileiro. A percentagem corresponde a 680 áreas, sendo 443 com processos de demarcação regularizados.

A sociobiodiversidade compartilha com a economia circular a visão de gerar mais valor às tradições por meio do aproveitamento sustentável de matéria-prima advinda da biodiversidade, gerando recursos que beneficiam as comunidades tradicionais e colaboram com a conservação do ambiente.

“Promovendo uma economia que diminua o impacto das atividades humanas sobre o ambiente do decorrentes da extração por meio do estímulo ao reaproveitamento, por exemplo, será que não diminuiríamos a busca ilegal de recursos em áreas protegidas? Os preceitos da economia circular têm inspiração nos ciclos biológicos. O reaproveitamento e a reciclagem dão um respiro aos ciclos ambientais, e também podem gerar um respiro social”, reflete o coordenador pedagógico do Movimento Circular, Edson Grandisoli.

Daí, uma medida importante seria uma aproximação cultural cada vez maior a partir de uma constante valorização dos conhecimentos tradicionais dos povos originários.

“A ciência não é a única forma de construção e disseminação de conhecimento. Existe toda uma base que foi criada há milênios e ela é importante, não só do ponto de vista cultural, mas também educacional, ensinando um estilo de vida mais respeitoso com a natureza. Justamente do qual fomos nos afastando graças à urbanização”, conclui.

Participação política e corresponsabilidade

O Brasil reúne cerca de 350 etnias indígenas, segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, uma vasta diversidade sociocultural que reivindica os direitos estabelecidos pela ONU lembrados nesta data.

A política deve ser um canal de potencialização dessa reivindicação. O posicionamento político, sem partidarismo, é capaz de dar visibilidade à temática por meio da escolha que fazemos dos nossos governantes. Está diretamente relacionado ao grau de proteção e respeito a esses povos, buscando-se, inclusive, eleger candidatos de etnias indígenas.

“Trazer a pauta com mais força para a política, valorizando essa diversidade de olhares é uma boa prática do conceito de corresponsabilidade, em que todos os atores da sociedade desempenham seu papel para a economia se tornar mais circular”, explica Grandisoli.

Precisamos retomar contato e aprender com a história dos nossos povos originários e que geraram heranças tão fortes para a nossa cultura. A Economia Circular é um dos esforços nessa direção.

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