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31/10/2022

As Cidades e o Metabolismo Urbano

Já reparou que a sua cidade funciona mais ou menos como um organismo vivo?

Com atenção, você pode perceber ela consumindo matéria, energia, e gerando resíduos numa espécie de “metabolismo”.

Desde 2007, tem mais gente vivendo no ambiente urbano do que no campo. As cidades, hoje, são responsáveis pelo consumo de cerca de 75% dos recursos naturais extraídos, e por 60% a 80% das emissões de gases de efeito estufa a nível global, segundo a ONU.

E esse “metabolismo” se dá a partir de um modelo insustentável: a economia linear. Ou seja, os recursos são superexplorados e as taxas de reaproveitamento e reciclagem são baixas, o que causa o acúmulo de resíduos e leva nossas reservas naturais à escassez.

Desde 2014, a ONU celebra, no dia 31 de outubro, o Dia Mundial das Cidades, buscando reunir exemplos e discutir ações para “cidades mais verdes, equitativas e sustentáveis” e, por que não, "cidades mais circulares".

Para o planejamento urbano que leva em conta essas metas, é o entendimento do metabolismo urbano uma das principais ferramentas. Vamos entender mais sobre isso?

O que é Metabolismo Urbano?

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É a análise e compreensão dos processos que ocorrem nas cidades a partir de seus fluxos de matéria-prima, energia e nutrientes.

Essa análise deixa mais claro como a cidade recebe os recursos, os transforma e os descarta como resíduos, o que resulta num panorama para ações que tornem esses resíduos insumos para outros processos, num metabolismo circular. (A semelhança com o que já acontece na natureza não é coincidência).

Daí, se o poder público e outros setores da sociedade investem em tecnologias e programas educativos para viabilizar esse ciclo e engajar a população, a influência pode chegar a outras cidades no melhor de uma ação-local-mudando-o-global.

Se a gente estuda a água, por exemplo, percebemos quanto recurso poderia retornar para a própria cidade - e para a natureza – com um tratamento de esgoto que convertesse os subprodutos desse processamento em energia para as casas e nutrientes para a agricultura.

Estudos com base nos preceitos da Economia Circular já detectam para cada fluxo do metabolismo urbano algumas problemáticas mais específicas. Vamos ver alguns exemplos?

Matéria-prima e Construção Civil

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O impacto da construção civil para o ambiente e para as pessoas se dá em várias frentes, sendo uma delas a deposição inadequada dos entulhos.

Se mal geridos, esses resíduos podem prejudicar a cidade com o assoreamento de rios, obstrução de vias e a proliferação de doenças por vetores biológicos.

E como resolver isso?

Numa cidade circular, centros de processamento de resíduos transformariam tudo o que sobra nos canteiros de obras em recursos para abastecer a cidade inteira.

O setor também está cada vez mais atento a práticas e produtos sustentáveis para a construção, como o bioconcreto, um produto composto por bactérias e fungos que dão propriedades “regenerativas” ao insumo.

Outro exemplo são as estruturas modulares, com peças que se encaixam e podem ser desmontadas, ampliadas ou reduzidas, gerando menos desperdícios e resíduos

Energia e descarbonização

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O consumo de combustíveis fósseis nas cidades pode acontecer nas casas, nos parques industriais e pelos veículos automotores, entre outros. Criamos historicamente uma grande dependência dessa forma de obtenção de energia.

Mas como descarbonizar o ambiente urbano e garantir energia limpa e barata pra todo mundo?

Uma das respostas é planejar uma matriz energética que seja predominantemente alimentada por fontes renováveis de energia, como o vento e o sol.

A energia solar, inclusive, não tem só os painéis solares como forma de aproveitar o recurso. Há outro ainda mais sofisticado: a fotossíntese.

Vários estudos estão sendo feitos pelo mundo, explorando, por exemplo, a fotossíntese das algas. O processo nessas plantas gera elétrons livres que podem ser captados por eletrodos, gerando eletricidade.

Nutrientes e alimentação de qualidade

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Um dos grandes problemas da poluição nas cidades é a degradação do solo. Isso acontece de diversas formas, como através do acúmulo de resíduos nos lixões e das chuvas ácidas.

É urgente encontrar um jeito de manter os solos vivos, já que é por meio deles que podemos garantir alimentos de qualidade para todos.

Já existem práticas em pequena escala que podem não só ajudar a conservar o solo como também diminuir a emissão de gases de efeito estufa. Como?

Um exemplo é se todo resíduo orgânico que hoje vai para o lixo voltar para a terra como nutriente por meio da compostagem.

Outra medida seria trazer as zonas agrícolas pra mais perto das cidades. Diminuindo a distância entre o campo e a cidade, o transporte movido a combustíveis fósseis emite menos gases poluentes e diminui-se o desperdício de alimentos que acabam se estragando nesse traslado.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Vale lembrar que a busca por uma cidade mais comprometida com o metabolismo circular se relaciona a um dos aspectos essenciais do ODS 11 . “Até 2030, reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades, inclusive prestando especial atenção à qualidade do ar, gestão de resíduos municipais e outros”, diz o documento.

Por esses e outros caminhos, é possível garantir um metabolismo urbano cada vez mais circular, colaborando com o ambiente, as pessoas e todas as outras formas de vida que nele vivem, de que dependem ou são influenciados.

O que é Economia Circular?

A Economia Circular propõe um novo olhar para nossa forma de produzir, consumir e descartar, a fim de otimizarmos os recursos do planeta e gerar cada vez menos resíduos. Ou seja, um modelo alternativo ao da Economia Linear - extrair, produzir, usar e descartar - que tem se provado cada vez mais insustentável ao longo da história. Na Economia Circular, a meta é manter os materiais por mais tempo em circulação por meio do reaproveitamento, até que nada vire lixo! Para que esse modelo se torne uma realidade, todos nós temos um papel a desempenhar. É um verdadeiro círculo colaborativo, que alimenta a si mesmo, e ajuda a regenerar o planeta e nossas relações.

Aprenda sobre Economia Circular

Se você tem interesse em conhecer mais sobre esse tema, acesse a Circular Academy, o primeiro curso latino-americano gratuito sobre economia circular voltado ao público geral. Todos nós, em parceria e colaboração, podemos fazer a diferença na construção de um planeta mais circular.

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