06/05/2021
Movimento Circular no PorVir
Olha que legal! O Movimento Circular foi notícia no portal do Porvir (www.porvir.org) no dia 15 de março de 2021, que abraçou essa causa e virou parceiro do movimento em março de 2021. Juntos, vamos pensar um mundo que faça sentido para todos, a partir da construção de uma economia circular que gere menos impacto e seja mais inclusiva. Veja o material na íntegra e saiba mais sobre o Movimento Circular:
Plataforma trabalha a economia circular de forma interdisciplinar
Por Beatriz Cavallin, do Porvir
Qual caminho o lixo percorre até chegar ao seu destino final? Qual é o seu destino final? As perguntas podem até parecer simples, mas são importantes e trazem reflexões a respeito da nossa relação com temas como sustentabilidade. Em 2019, o planeta Terra passou por um momento histórico ao atingir o esgotamento de recursos naturais – como água, mineração, extração de petróleo, entre outros, que poderiam ser renovados sem ônus ao meio ambiente – previstos para aquele ano em 29 de julho, três dias antes que em 2018, e mais cedo do que em toda a série histórica, medida desde 1970. Apesar do cenário ter sido completamente revertido em 2020 – atingindo a data limite apenas em 22 de Agosto, isso serve apenas como uma mensagem de que é possível viver utilizando menos recursos renováveis. Mas como começar a promover essa mudança?
Tudo o que você precisa saber sobre economia circular
A plataforma Movimento Circular, idealizada pela Atina Educação, chega como um espaço para informar sobre a economia circular – uma nova forma de pensar o lixo, além de trazer conteúdos que apresentam de forma simples, didática e intuitiva o que é a economia circular. Mas afinal, como definir esse conceito e de que maneira ele impacta a educação?
Para Vinicius Saraceni, diretor da Atina, “a economia circular propõe uma nova forma da economia funcionar, em que nada mais é pensado como lixo, tudo passa a ser recurso”. Ele defende a participação ampla de todos os atores da sociedade para que esse novo modelo crie raízes sólidas. “Nada mais importante do que conversar com os jovens, com os professores e com a sociedade em geral para que eles sejam agentes de mobilização, para que eles entendam que seu papel nessa cadeia e consigamos atingir mais qualidade de vida e bem-estar”, afirma.
Por meio de áreas como transporte, alimentação, indústria, entre outros, a plataforma traz conteúdos interativos que explicam qual o impacto que a economia pode ter em determinado setor e quais são os benefícios de oferecer alternativas mais sustentáveis para o planeta Terra – acompanhados sempre de links e materiais extras, para aqueles que desejam se aprofundar no assunto.
A economia circular propõe uma nova forma da economia funcionar, em que nada mais é pensado como lixo, tudo passa a ser recurso Além dos conteúdos interativos, a plataforma também oferece sequências didáticas montadas por uma equipe pedagógica para serem usadas em corporações e salas de aula, em diversas etapas de ensino.
Atila Iamarino convida: Desafio Circular (Movimento Circular)
De acordo com o professor doutor Edson Grandisoli, diretor pedagógico do projeto, a ideia das sequências didáticas é fazer com que os educadores trabalhem o tema de forma mais simples, estruturada e obtendo bons resultados. Todas elas trazem, logo no início, informações como: com qual etapa de ensino ela conversa, tempo previsto, componentes curriculares, materiais necessários e quais competências da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são contemplados pela sequência. Os conteúdos estão disponíveis tanto no formato PDF, quanto como documento do Google, para facilitar edição.“Os documentos permitem que o professor faça alterações em cima desse material, de forma que ele dialogue da melhor maneira possível com a aula”, diz.
Todas as atividades contemplam competências da BNCC e são pensadas de forma flexível para que o professor adapte ao seu dia a dia em sala de aula.“O professor pode fazer a primeira aula, como pode fazer a terceira, a quarta … o ideal é que ele passe por todas as sequências para ter uma experiência completa, mas, ao mesmo tempo, existe a possibilidade de serem aulas mais isoladas”, diz Grandisoli. Além do conteúdo teórico, todas as sequências didáticas apostam em metodologias ativas. Elas estão organizadas a partir dos conceitos explorar, investigar, solucionar e compartilhar, provocando o estudante a construir conhecimentos que fazem sentido para a sua realidade.
“Com as atividades mão na massa, é possível falar sobre temas importantes de maneiras práticas e atender à BNCC, além de relacionar com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Não é uma conversa extracurricular, é algo que entra no currículo”, explica Vinicius, e ressalta que a ideia da plataforma não é ser uma carga a mais para o professor, mas sim reforçar a ideia de que a economia circular já se faz presente em nossas vidas, e trazer o tema para a sala de aula não passa de uma mudança de perspectiva de temas já abordados.
Ao invés de considerar assuntos como sustentabilidade, resíduo, água e energia como temas centrais, a plataforma olha esses elementos de forma integradora, para fomentar mais discussões. “Eu acho que a economia circular dialoga bem com esse tema, ela também trabalha com a questão da sustentabilidade, dos resíduos, da questão social, que já são questões trabalhadas há muito tempo. Mas, quando colocadas dentro do arcabouço social, de uma economia circular, ganham uma nova roupagem, uma nova estrutura de trabalho”, reflete o professor, e continua. “Quando você trabalha com economia circular, você obrigatoriamente não traz a reciclagem como ponto principal, mas a necessidade de criação de um novo processo, que envolve todos os atores da sociedade”, reflete.
Pensando em engajar os alunos, em 2020 o Movimento lançou o Desafio Circular. O projeto piloto foi realizado com as ETECS (Escolas Técnicas Estaduais) do Centro Paula Souza, em São Paulo. A iniciativa propôs aos estudantes a criação de projetos dentro do conceito de economia circular que fizessem sentido para sua comunidade.
A professora de biologia Carolina Estéfano, da ETEC de Rio Grande da Serra, na região do ABC Paulista, aceitou o desafio, e ao lado da professora de química, desenhou uma atividade que envolveu praticamente a escola toda. Um total de 16 projetos foram pensados e prototipados pelos alunos do ensino médio – entre absorventes reutilizáveis, ventiladores de CDs e batata, cobertores de retalhos, entre outros, o projeto que propunha a construção de casinhas de cachorro a partir de resíduos como caixas de leite e computadores recebeu uma menção honrosa (no vídeo você confere a apresentação do trabalho).
Para desenvolver os novos produtos, os alunos trabalharam em conjunto para elaborar as ideias e desenvolver a construção de protótipos. De acordo com Carolina, a ideia inicial era tirar esses projetos do papel com atividades práticas , o que ainda não foi possível por conta das medidas restritivas decorrentes do coronavírus. “Com o desafio conseguimos abordar diversos assuntos: falamos sobre questões sociais, ambientais, econômicas, e também abordamos políticas públicas”, diz Carolina. Como resultado, alunos demonstraram maior engajamento com a atividade e acabaram trabalhando muito mais do que apenas conceitos de biologia e química. “Uma das preocupações do Centro Paula Souza como um todo é promover uma educação cidadã, que trabalhe as competências socioemocionais, então ao formar equipes remotas, por exemplo, conseguimos conversar sobre temas como empatia e trabalho em equipe”, diz.
Para trazer o assunto para a sala de aula, os docentes do Centro Paula Souza receberam uma formação fornecida pelo próprio movimento, uma proposta que deve ser replicada em breve. Apesar disso, o professor Grandisoli ressalta que atualmente os educadores já podem implementar esses temas em sala de aula apenas com ajuda das sequências didáticas disponíveis no site da plataforma.
Para o diretor pedagógico do movimento, o esforço de educadores deve ser direcionado para discutir o tema de maneira interdisciplinar. “O ideal é que haja um movimento na escola para que os professores consigam trabalhar de forma articulada, interdisciplinar e integrada. A escola ainda – e aqui estou falando de forma extremamente genérica – trabalha de forma muito isolada”, e continua: “Para desenvolver temáticas complexas e sistêmicas, nada melhor do que trabalhar pelo olhar de diferentes disciplinas. Mas ainda precisamos caminhar muito, tanto na escola pública quanto na particular, para quebrar as barreiras disciplinares e trabalhar em comunidade”.