
30/09/2025
Goiás e a transição ecológica: da visão à prática
*Por Ramon Trajano, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás
O que me inspira na economia circular e na sociobioeconomia não é apenas a inovação ou os números econômicos. O que me move é a possibilidade de transformar vidas, de gerar ganhos econômicos de forma alinhada à conservação ambiental e ao fortalecimento de aspectos sociais. É essa combinação que dá sentido às políticas públicas: quando conseguimos conectar desenvolvimento, cuidado com o meio ambiente e inclusão social, criamos um futuro mais justo e sustentável.
Na minha participação como painelista no Painel nº 4 da II Conferência Internacional de Resíduos Sólidos e Saneamento (CIRSOL), compartilhei experiências pioneiras de Goiás que mostraram ao público como políticas públicas bem estruturadas podem gerar resultados concretos de impacto.
Entre essas iniciativas, destaco o Pacto Goiano pela Economia Circular e Sustentabilidade, uma aliança que reúne poder público, setor privado, academia e sociedade civil para acelerar a transição de Goiás para uma economia circular, regenerativa e inclusiva. O pacto se integra à Política Estadual de Economia Circular, garantindo que ações concretas estejam alinhadas às diretrizes e metas já estabelecidas pelo Estado. Na prática, ele incentiva a adoção de modelos circulares em empresas e na vida cotidiana, fortalece políticas e regulações ambientais, mobiliza investimentos sustentáveis e promove educação e engajamento da sociedade.
Um dos pontos centrais do pacto é o engajamento ativo de todos os atores envolvidos. Empresas, cooperativas, instituições acadêmicas e organizações da sociedade civil participam da construção e execução das ações, contribuindo com experiências, inovação e boas práticas. Estratégias de comunicação, capacitação e educação ambiental garantem que o conhecimento seja disseminado e que mais atores possam aderir às soluções circulares, fortalecendo a rede colaborativa.
Mais do que isso, o pacto representa o primeiro passo para o desenvolvimento de um Plano Estadual de Economia Circular, construído com a participação efetiva dos atores realmente comprometidos com a transformação do estado. Em resumo, ele transforma a visão da economia circular em resultados concretos, conectando todos em torno de um desenvolvimento sustentável, integrado e de impacto imediato em Goiás.
Outro exemplo emblemático é o Selo da Sociobiodiversidade, que valoriza a biodiversidade, a cultura e os saberes tradicionais de Goiás, fortalecendo cadeias produtivas que geram renda e dão visibilidade a alimentos, artesanato e produtos de bem-estar que respeitam as comunidades locais. Nossa experiência com editais estratégicos reforça esse pioneirismo: apoiamos cooperativas e associações de produtores da sociobiodiversidade na estruturação de propostas, capacitação e acompanhamento de projetos, assim como organizações da sociedade civil voltadas à reciclagem e reutilização de materiais. Essas ações não apenas fortalecem a economia local, mas também demonstram a capacidade de Goiás de transformar políticas em resultados concretos.
O protagonismo de Goiás no Cerrado é resultado de uma estratégia clara da Secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás, Andréa Vulcanis, que estruturou a Secretaria com uma gerência específica dedicada à economia verde e circular. Enquanto em muitos estados essa temática ainda está diluída em outras pastas, essa organização permite que Goiás implemente políticas inovadoras de forma coordenada, liderando iniciativas pioneiras, antecipando agendas nacionais e servindo de referência para outros estados.
Olhando para o futuro, acredito que Goiás será referência nacional para o bioma Cerrado e pioneiro na transição ecológica. Mais do que implementar políticas, nosso desafio é mostrar que a riqueza e a vulnerabilidade do Cerrado exigem soluções sustentáveis integradas, capazes de gerar impactos social, econômico e ambiental positivos de forma simultânea.ular.
*Ramon Trajano é engenheiro civil e Gerente de Economia Verde e Circular na SEMAD-GO. Pós-graduado em gestão de projetos, lidera iniciativas que integram desenvolvimento econômico, inovação e responsabilidade socioambiental. Atua em ações de economia circular e sociobioeconomia, valorizando ativos ambientais e culturais do Cerrado.