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17/07/2025

Do consumo à consciência: como a Economia Circular pode transformar a reciclagem de eletroeletrônicos no Brasil?

Por Arlene Carvalho, do Movimento Circular

Você sabia que aquele eletroeletrônico quebrado aí na sua casa faz parte de um desafio global que todos podemos ajudar a resolver?

De acordo com as Nações Unidas (ONU), só em 2024 a produção de resíduos eletroeletrônicos cresceu cinco vezes mais rápido do que a capacidade mundial de reciclá-los. O dado escancara uma realidade muitas vezes invisível: estamos gerando resíduos eletroeletrônicos em um ritmo cada vez mais acelerado e quase sempre sem saber como descartá-lo corretamente. Ainda segundo a ONU, só em 2022, o mundo produziu 62 milhões de toneladas deste tipo de material, mas apenas 22,3% desse total foi reciclado. E o Brasil tem um papel importante nesse cenário: é o maior gerador de RAEE (Resíduos de Aparelhos Eletroeletrônicos) das América do Sul, com quase 2,5 milhões de toneladas por ano e menos de 3% desse volume indo para a reciclagem - ainda de acordo com a ONU. Em escala global, o país fica em quinto lugar, atrás de China, Estados Unidos, Índia e Japão, respectivamente.

Vale ressaltar que eletroeletrônicos são aparelhos simultaneamente elétricos e eletrônicos - como televisores, por exemplo. Esse tipo de resíduo, também chamado de e-lixo, é resultado de múltiplos fatores, como a busca constante por novidades, a obsolescência programada dos aparelhos e a pouca cultura de reciclagem, reparo e reaproveitamento. É um problema latente, mas que já possui soluções práticas como o programa de logística reversa de eletroeletrônicos e eletrodomésticos do Magazine Luiza (Magalu), em parceria com a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (ABREE), ganham destaque.

O que é o programa?

Lançado em junho de 2021, o programa de logística reversa do Magalu oferece à comunidade a oportunidade de descartar de forma correta diferentes equipamentos eletroeletrônicos. Todo o material recolhido é encaminhado para empresas especializadas em manufatura reversa e reciclagem, garantindo a destinação adequada de todos os componentes.

Itens de todos os tamanhos são aceitos, desde fones de ouvido e secadores de cabelo a geladeiras e televisores, por exemplo. Atualmente, o programa funciona em 20 estados brasileiros, com 1060 pontos de recebimento em lojas do Magalu - tendo recolhido mais de 90 toneladas de resíduos eletrônicos nos últimos quatro anos. Todo o material é entregue à ABREE, responsável pelo processo de coleta e destinação.

Natália Proença, coordenadora de sustentabilidade do Magalu, explica que a iniciativa nasceu para cumprir a obrigação legal com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) – definida em lei em 2010, e que prevê responsabilidade compartilhada entre consumidores, fabricantes, distribuidores e o varejo –, mas logo depois virou um pilar da estratégia ambiental da companhia.  

“Inicialmente, o programa nasceu para cumprir a obrigação legal da PNRS, mas logo se tornou uma responsabilidade do Magalu. Como maior vendedor de eletroeletrônicos do Brasil, a empresa entendeu que deve ser também o principal vetor dessa coleta. Quem vai reciclar são os recicladores homologados pela ABREE, mas nós temos esse papel de coletar e conscientizar nosso consumidor que tem um destino correto para aquilo que a gente vende”.

Robson Esteves, presidente da ABREE, explica que programas como o do Magalu são fundamentais para fortalecer a transição para a Economia Circular no Brasil.

“Quando grandes varejistas, como o Magalu, se comprometem com a causa e oferecem pontos de recebimento acessíveis, contribuem diretamente para transformar a cultura do descarte no país. Iniciativas como essa demonstram que a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos deve ser compartilhada. É esse tipo de articulação que permite escalar a logística reversa, gerar impacto real, além de possibilitar a mudança na forma como a sociedade lida com os resíduos eletroeletrônicos e eletrodomésticos”.

Esteves ainda reforça que a importância deste tipo de iniciativa também se justifica pelo índice de reciclagem de eletroeletrônicos no Brasil ainda ser bastante desafiador. Para ele, entre os principais obstáculos estão a falta de conhecimento da população sobre onde e como descartar corretamente os produtos, o que resulta, muitas vezes, no descarte informal. Por isso, a ABREE tem atuado para enfrentar esses desafios, articulando recicladores para garantir a efetividade do sistema de logística reversa.

“A parceria com o varejo ajuda a reforçar a conscientização sobre a importância do descarte responsável. Com isso, a tendência é que os números de resíduos coletados aumentem de forma consistente, contribuindo não só para as metas da PNRS, mas também para a redução do impacto ambiental gerado pelo descarte inadequado.”

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Para deixar os eletroeletrônicos nos pontos de recebimento, as pessoas não pagam nada. Quando os coletores das lojas atingem a capacidade máxima, uma equipe da ABREE é acionada para recolher os materiais e encaminhá-los às recicladoras parceiras. Marina Provetti, analista sênior de sustentabilidade no Magalu, destaca como o papel da empresa foi além de apenas receber os resíduos.

“Com o tempo, entendemos que nosso papel é mostrar ao consumidor que ele é o ponto de partida e também de chegada. Ele compra, mas também precisa devolver. Aqui, ele tem onde devolver. Nosso compromisso se estende à educação ambiental, incentivando o cliente a entender seu papel na Economia Circular. ”

Desde o lançamento do programa de logística reversa, o volume de resíduos eletroeletrônicos coletados pelo Magalu vem crescendo de forma significativa. Em 2021, 1 tonelada de materiais foi recolhida. No ano seguinte, esse número saltou para 3,6 toneladas, chegando a 16,9 toneladas em 2023. Em 2024, o programa bateu um novo recorde, com 69,8 toneladas coletadas. Um crescimento que reflete a existência de demanda, o fortalecimento da iniciativa e o engajamento crescente dos consumidores com o descarte correto.

Proença destaca que em, 2024, ações em escolas e um drive-thru instalado na cidade de Franca, em São Paulo, foram responsáveis por cerca de 39 toneladas desses resíduos - mais da metade do total coletado pela empresa no período. Para 2025 está previsto mais um mutirão em escolas, dessa vez, na Zona Norte de São Paulo.

“O Magalu é um grande hub de serviços. Você pode fazer muito. você compra, você descarta, você pode pagar sua fatura, entre outras ações. Então a gente pensou, nós queremos ser o maior coletor de resíduos eletrônicos do país, por que não oferecer conveniência aos nossos clientes? Isso também funciona como uma alavanca de vendas, por exemplo”, explica a coordenadora.

Parcerias de sucesso

Jacilene Souza trabalha no Magalu há 17 anos e, até pouco tempo, era gerente comercial de uma loja em Cachoeirinha, São Paulo. A unidade em questão foi uma das que mais recolheu eletroeletrônicos durante esses anos. Ela reforça que as vendas são impulsionadas pelo programa de coleta.

“Nossa loja era dentro de um hipermercado na cidade, o que facilitava para quem passava no local saber da existência do coletor. Já tivemos casos do cliente dizer que não iria comprar naquele momento porque não tinha o que fazer com o eletroeletrônico antigo e após saber que poderia descartar na loja, mudar de ideia”, explica.

Ela ainda destaca que o principal fator de sucesso foi o engajamento da equipe e a comunicação eficaz para deixar os clientes à vontade, especialmente porque o serviço não tinha custo e aceitava itens grandes, como TVs, mesmo que não coubessem no coletor..

Atualmente, Souza trabalha numa loja em Osasco, também em São Paulo, onde os desafios de engajar o público são diferentes. Mas expressou a esperança de replicar o sucesso e continuar contribuindo para a promoção da Economia Circular na empresa.

“A gente vê que esse programa não é apenas sobre descarte correto, mas também sobre corresponsabilidade e geração de oportunidades para cooperativas e geração de empregos através da reciclagem. Tenho orgulho de trabalhar em uma empresa que se preocupa com a sustentabilidade e faz um trabalho social, indo além da venda de produtos”, completa.

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Novidades e expectativas

O programa de coleta de resíduos eletroeletrônicos do Magalu agora tem metas mais ambiciosas. Até o fim deste ano, a iniciativa será ampliada para todas as lojas da rede no Brasil, passando de 1060 em 2024 para 1.245 pontos de recebimento. A expansão está alinhada aos compromissos assumidos com a International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial que destinou US$ 130 milhões em financiamento ao varejista neste ano. Essa expansão do projeto para todas as unidades visa unificar, inclusive, a comunicação sobre o serviço oferecido.

Em 2024, a empresa recolheu cerca de 70 toneladas de resíduos eletroeletrônicos por meio do programa de logística reversa. A meta é atingir 85  toneladas até 2026 — um crescimento de 20% — e dobrar esse volume até 2028, chegando a 144 toneladas. Ainda de acordo com Proença, o Magalu tem uma aspiração: coletar 1000 toneladas de resíduos eletroeletrônicos  até 2030. Além da logística reversa, o Magalu também assumiu outras metas socioambientais, como aprimorar sua matriz de risco climático e reduzir o consumo de água em suas instalações.

Para Provetti, a maior lição que o programa trouxe à empresa é acreditar no próprio potencial de influência.

“Não tínhamos noção do tamanho do apelo que a marca (Magalu) tem com a comunidade. Estamos em cidades muito pequenas e periféricas, o que amplia o alcance e nos dá a oportunidade de mudar o cenário da logística reversa de eletroeletrônicos no país. Poderíamos ter ficado confortáveis com o número de coletores, já que estávamos cumprindo a legislação há algum tempo, mas nós temos potencial para levar isso a outro patamar”, finaliza.

Com metas ousadas, forte presença territorial e engajamento crescente de colaboradores e consumidores, o programa de logística reversa do Magalu se consolida como um exemplo prático de responsabilidade compartilhada e inovação sustentável no varejo. Ao assumir um protagonismo real na Economia Circular, a empresa parceira do Movimento Circular mostra que sustentabilidade e impacto socioambiental podem — e devem — caminhar juntos, promovendo mudanças estruturais na forma como consumimos, descartamos e nos relacionamos com os recursos do planeta.

Mas onde descartar?

Quer descartar algum eletroeletrônico? Clique aqui para localizar o ponto de coleta mais próximo de você!

Magalu e Movimento Circular

A parceria entre Magalu e  Movimento Circular começou durante o evento de Posicionamento Estratégico Magalu em 2025. De forma lúdica e educativa, Magalu e Movimento Circular mobilizaram lideranças e colaboradores em uma experiência interativa que conectou informação, consciência ambiental e prática circular — reforçando o compromisso da empresa com o descarte correto de eletroeletrônicos. O resultado dessa ação está disponível aqui!
 

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