
26/06/2025
Brasil ganha a primeira embalagem monomaterial de café desenhada para reciclagem do país
Por Arlene Carvalho, do Movimento Circular
O Brasil, maior produtor e um dos principais consumidores de café do mundo, dá um passo importante em inovação com o lançamento de um café feito para ser circular, por meio da embalagem O1NE - a primeira embalagem monomaterial de café desenhada para reciclagem no país. A iniciativa é resultado de uma parceria articulada pelo Movimento Circular, que conectou Dow e Valgroup, responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia, com a Catarina Café e Amor, torrefação premium pioneira na adoção da solução em sua linha de produtos.
A embalagem é composta por 90% a 95% de polietileno de alta densidade (PEAD), o que facilita a reciclagem ao eliminar materiais mistos presentes nas embalagens tradicionais de café - como alumínio e papel. Seu design simples preserva a qualidade do café e se encaixa na cadeia de reciclagem brasileira, sendo compatível com a produção de novos itens, como frascos de amaciante, sabão líquido, embalagens para arroz, feijão, açúcar e sacos para gelo.
“A embalagem O1NE é o primeiro modelo pensado desde a concepção para possibilitar a circularidade, onde a ciência de materiais oferece uma resposta concreta às demandas por embalagens sustentáveis”, comenta Vinicius Saraceni, diretor-geral do Movimento Circular.
Por meio do Pack Studios (centro global de inovação em embalagens), a Dow ofereceu expertise em design técnico e diferenciais tecnológicos para acelerar o desenvolvimento da solução junto à Valgroup. Utilizando resinas de alto desempenho, como ELITE™ AT e INNATE™, o novo formato combina barreira funcional contra umidade e oxigênio, alta resistência mecânica e apelo visual, sem comprometer a performance e facilitando a reciclabilidade.
Saraceni destaca o papel efetivo do Movimento Circular na chegada da tecnologia ao mercado.
“Atuamos conectando as competências dos parceiros Dow, Valgroup e a visão e compromisso da Catarina Café e Amor para tornar essa solução concreta. Esse processo evidencia o impacto da informação e da educação na conscientização das lideranças empresariais sobre a economia circular. A Catarina Café e Amor, por exemplo, já acompanha essa pauta há bastante tempo, investe para se tornar referência na economia circular no segmento de cafés especiais”.

A executiva Letícia Vanzetto, gerente de Desenvolvimento de Mercado para Embalagens da Dow, parceira pioneira do Movimento Circular, acredita que essa inovação pode acelerar a transição para uma Economia Circular.
“Queremos inspirar outros segmentos a seguir o mesmo caminho. Essa tecnologia é escalável e adaptável a diferentes setores, como alimentos, cosméticos e limpeza. É uma plataforma de inovação com potencial para redefinir os padrões de sustentabilidade da indústria de embalagens, especialmente no segmento de café, onde apresenta uma inovação sem precedentes no Brasil”, explica.
A Valgroup complementa que a embalagem oferece uma solução acessível e resiliente para pequenas torrefações que ainda utilizam embalagens não sustentáveis, permitindo a adoção de um produto 100% reciclável sem perda de qualidade ou design. O projeto também inclui materiais educativos para aumentar a conscientização sobre embalagens responsáveis.
“Essa embalagem também utiliza impressão digital, o que permite pedidos em quantidades menores, evita desperdício causado pelo vencimento de embalagens e não prejudica a reciclabilidade do material. Além disso, favorece a personalização, a rastreabilidade e uma melhor apresentação do produto, eliminando a necessidade de rótulos e adesivos extras”, explica João Henrique Alves, gerente de inovação da Valgroup.
Ele ainda ressalta que a impressão digital tem um custo unitário um pouco mais alto, mas compensa por permitir compras mais eficientes, sem excesso de estoque.
“A diferença de custo pode chegar a até 5%, dependendo do volume e da complexidade da arte gráfica, sendo necessária uma avaliação caso a caso”, complementa Alves.

Torrefação pioneira
O lançamento da O1NE acontece em um mercado de grande relevância: em 2024, o setor de café no Brasil movimentou R$ 36,8 bilhões e consumiu 21,9 milhões de sacas de café industrializado, segundo o Departamento de Sustentabilidade da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). O país, além de maior produtor, é também o maior consumidor do próprio café. Do volume total produzido, cerca de 80% se transforma em café torrado e moído — o equivalente a mais de 1 bilhão de quilos por ano.
No varejo, ainda de acordo com a Abic, 40% das embalagens de café são de 500g e 60% de 250g, resultando em uma estimativa de cerca de 3,3 bilhões de embalagens colocadas no mercado brasileiro todos os anos — aquelas mesmas que compramos em supermercados e cafeterias. Isso significa mais de uma embalagem por mês por habitante, a maioria com destino direto para aterros sanitários ou para um dos mais de 3.000 lixões que o Brasil ainda insiste em manter. Esses números reforçam a urgência e o potencial de soluções circulares para o setor do café.
É justamente neste contexto que a Catarina Café e Amor, torrefação de cafés especiais de São Paulo, torna-se pioneira ao adotar a embalagem monomaterial O1NE, reconhecendo a importância de repensar o impacto ambiental no setor.
“Somos uma torrefação que cuida de cada etapa do processo — do grão até a xícara do cliente — porque sabemos que tudo o que fazemos, de alguma forma, volta para a natureza e interfere na saúde do planeta", explica Marina Souza Gomes, uma das sócias da empresa. Ela lembra que essa “saúde” influencia toda a cadeia, começando lá no produtor de café: "Isso impacta a safra, mexe nos preços, afeta a qualidade... no fim, tudo está conectado, num ciclo constante”.
Como garantir a circularidade do seu café — da embalagem à borra?
Na nossa landing page você encontra tudo: dicas de reutilização e descarte correto, informações sobre o programa de refil do Catarina Café e Amor — que dá desconto quando você leva sua embalagem ou pote limpo — e o ponto de coleta na loja para garantir a reciclagem adequada.
Aproveite também para conhecer outras soluções simples e criativas que ajudam a manter o café circulando com sabor, responsabilidade e propósito.

O lançamento da embalagem O1NE não apenas inaugura uma nova era para a indústria cafeeira brasileira, como também sinaliza um caminho viável e necessário para todo o setor de alimentos e bebidas no país. Ao unir inovação tecnológica, responsabilidade ambiental e colaboração entre diferentes elos da cadeia produtiva, a iniciativa demonstra que é possível aliar desempenho de produto à circularidade e ao compromisso com o futuro do planeta.
Mais do que uma solução pontual, trata-se de um convite concreto para que empresas de todos os portes repensem seus processos e adotem práticas que favoreçam a regeneração dos recursos, impulsionando uma transformação sistêmica rumo a uma economia verdadeiramente circular. E o projeto reafirma o papel do Movimento Circular como agente articulador de soluções sistêmicas, conectando diferentes setores para impulsionar inovações que inspiram um futuro mais regenerativo - e este é apenas o começo.
Para Vinícius Saraceni, a partir de agora, o objetivo é sensibilizar os consumidores e outras torrefações para que este primeiro caso pioneiro no Brasil possa servir de inspiração para toda a cadeia produtiva do café - além de outras cadeias de produtos.
“Para quem ainda utiliza embalagens complexas e de difícil reciclagem, o convite está aberto: conhecer e adotar soluções circulares que tornem toda a operação mais sustentável.”
Lançamento ao vivo
Quer saber mais sobre a embalagem O1NE e a circularidade do café? Confira a live de lançamento na íntegra!