
09/12/2025
Entre o saber e o fazer: como a circularidade japonesa pode nos guiar?
*Por Ana Bertelli, especialista em Modelos de Negócios Circulares e coordenadora do Imersão Japão no Brasil
Há algumas semanas, fazendo uma faxina em caixas antigas, encontrei uma edição da Revista Time, de 1997. Nesta edição, chamada de “Nosso Planeta Precioso”, a Time fez um apanhado da situação de nosso planeta. Curiosa, revisei os artigos, publicados há quase 30 anos. Para minha surpresa, as grandes questões que vivemos atualmente relativas à sustentabilidade já surgiam lá, nesta edição antiga de revista.
Os artigos da Time já mencionavam realidades diferentes da retórica documentada nos anos pós Rio-92 e da falta de metas e planos claros para chegarmos em nossos objetivos globais conjuntos, em especial para mitigação da crise climática. Dos conflitos de interesse que colocam a sustentabilidade em um lugar impossível: da inimiga do crescimento econômico. Mas… nem tudo eram sombras nesta edição da Time.
Entre editoriais bem elaborados, surgiam textos dos Inovadores, dos Corajosos, daqueles Inconformados com a situação. Energia limpa, proteção da biodiversidade, reciclagem e reutilização de materiais, controles urbanos nas megacidades, muita coisa já estava lá. Marcas como Toyota, Canon e Nissin apresentando seus projetos, ação e resultados. Belos resultados. Por que me chamaram a atenção? Muitas marcas japonesas em uma revista americana.
Coincidência? Não!
O Japão está à frente do resto do mundo em suas práticas sustentáveis. Uma mistura curiosa de três fatores que formam, em seu caldeirão, a receita perfeita para a evolução na direção da sustentabilidade que vemos no Japão de hoje.
Que fatores são estes?
- A necessidade gerada por um pós-guerra onde os japoneses entraram no que chamamos de hiperconsumismo, e sendo uma ilha pequena, logo sentiram os efeitos deste comportamento, como por exemplo o lixo descontrolado de bens duráveis e não duráveis em seus pequenos espaços e ruas estreitas.
- Uma cultura que preza pelo valor de tudo que está à sua volta e é contra o desperdício, como no conceito do Mottainai, originado no Budismo, e que permeia o comportamento social do japonês, e por fim
- A tecnologia e disciplina do país que transformou a manufatura e a qualidade, através das metodologias de melhoria contínua, como Kaizen, 5S e STP, que foram exportadas para o mundo inteiro, encontrando a demanda atual de um mundo que precisa se transformar, tornando-se mais sustentável ou sofrendo as consequências.
O resultado?
Hoje o Japão é um dos benchmarks mais potentes com relação à sustentabilidade e em especial à Circularidade, tanto pela abrangência de setores onde a prática sustentável já é realidade, como pela escala com que eles realizaram esta transformação e aplicaram a Circularidade.
A economia circular é fascinante, mas em poucos lugares do mundo podemos observar modelos de negócio que já fizeram a transição do modelo linear para o circular, na prática e em escala, com a experiência de vários anos de melhoria contínua. O Japão é um destes lugares.
Imersão Japão
Em maio de 2026, teremos a oportunidade de presenciar esta realidade. O Movimento Circular e a AOTS (Association for Overseas Technical Cooperation and Sustainable Partnerships - Japan) estão oferecendo uma imersão in loco em programa exclusivo e único, que foi especialmente desenhado para que os participantes possam vivenciar modelos de negócios circulares na economia do Japão, em seus mais diversos aspectos já presentes na sociedade, indústria e governo japoneses.
Para quem encara ou pretende encarar de frente este desafio no Brasil, trilhar esta jornada com a AOTS Japan será, com certeza, transformador.
Vem com a gente. Saiba mais neste link ou mande um e-mail para imersaojapao@thecircularmovement.io.

Ana Bertelli* é engenheira química, graduada pela Escola Politécnica da USP e pela Universidade de Michigan em Negócios. Especializada em Estratégias Sustentáveis e Economia Circular pela Universidade de Cambridge e pelo MIT. Atualmente realiza consultorias independentes em sustentabilidade. Nos últimos 13 anos atuou como Diretora Executiva da MindPartners®, atendendo clientes como Johnson & Johnson; Nutrien Agricultural Sales; General Mills; Mondelēz Intl.; Novartis; Estée Lauder; SulAmérica Saúde; entre outros. Anteriormente, Ana foi executiva da DIAGEO e da Unilever, onde atuou por 18 anos e chegou ao cargo de vice-presidente de Marketing e Inovação para a América Latina. Em 2021, Ana fundou a Aksien, uma consultoria focada em iniciativas transformadoras para sustentabilidade, que ela deixou em 2023. Desde então, segue com seus esforços em realizar projetos transformadores em sustentabilidade, em sua maioria para FMCG, no Brasil e na América Latina. Bertelli também é coordenadora do Imersão Japão no Brasil. LinkedIn.
