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05/02/2024

Economia Circular: afinal, o que faz um ambientalista?

Por Mariana Brizi, do Movimento Circular

Quando pensamos em ambientalistas, talvez venham à mente personalidades famosas, influenciadores ou ativistas políticos. No entanto, todos nós podemos ser agentes de mudança socioambiental. Convidamos você a entender como!

Se consultarmos o dicionário, encontraremos que um ambientalista é "uma pessoa que se preocupa com a qualidade e a proteção do meio ambiente". Mas, na prática, não é tão simples definir, porque surgem nuances, diferentes pontos de vista e até mesmo alguns conflitos de interesses.

Então, afinal, o que precisamos saber e fazer para nos tornarmos ambientalistas? Fizemos essa pergunta a Paola Romero, da Rede de Fundos Ambientais de América Latina e Caribe (RedLAC), uma comunidade internacional de fundos ambientais, que nos ajuda a refletir sobre esse conceito a partir do México, começando com uma definição: "são diferentes pessoas (indivíduos, grupos, organizações e/ou empresas) que identificam um problema ambiental e, além disso, agem para resolvê-lo. Por exemplo, na RedLAC, criamos um fundo de investimento ambiental que se propôs a identificar problemas de acesso a alimentos, e tudo isso, ao longo do tempo, deu origem a projetos de restauração. Porque o trabalho, quando nos envolvemos em um tema, nos dá uma visão internacional do assunto, que nos permitiu criar uma rede onde, inclusive, trocamos conhecimentos."

É fundamental que os ambientalistas atuem através de frentes de mobilização e, além de detectar necessidades, conectar-se com pessoas que compartilham esses interesses e criar formas de troca de ideias e conhecimentos, também sejam impulsores de câmbios concretos. A ação é fundamental. Esse é o principal caminho do ativismo, não importa de onde cada pessoa venha.

Segundo Paola Romero, a pergunta que une os ambientalistas é: o que posso fazer, do meu lugar, para contribuir com uma causa ou combater um problema ambiental? Porque, como ela mesma explica, "todo ambientalista é aquele que compreende a relação entre a natureza e as pessoas. E que entende que estamos falando do meio para a vida, e que se podemos identificar uma causa, podemos trabalhar para a mudança".

O ambiente é, antes de tudo, um fato relacional: recursos, entorno e comunidades em que tudo o que acontece impacta nas pessoas. Se pudermos entender essa inter-relação cíclica e constante, poderemos avançar e conquistar melhorias substanciais.

O ambiente é a base de tudo. Ele abriga recursos essenciais e uma infinidade de seres vivos. Esses elementos estão em constante interação formando um todo dinâmico e complexo. É fundamental entender que o ser humano faz parte desse todo, e que não está alheio às consequências de suas próprias escolhas e ações. Ser ambientalista, portanto, é se ver como parte do todo e agir, dentro de cada possibilidade e realidade, de forma a conservá-lo para as presentes e futuras gerações.

O que nos une e o que nos diferencia?

Assim como não há uma única forma de se comprometer com um objetivo, também não há uma única maneira de ser protagonista da mudança socioambiental. "É verdade que pode haver conflitos de interesse, dependendo de que ponto de vista consideramos ao pensar em ambientalistas. Talvez haja grupos que se comprometem com a sustentabilidade na produção de um produto, e outros que se concentram na extração de matéria-prima que antecede todo o processo produtivo. Mas, seja como for, informar-se adequadamente é fundamental para poder tomar ações assertivas", explica Romero e acrescenta que "quando não temos conhecimento global da realidade, às vezes vemos alguns fenômenos, como a falta de alimentos ou as inundações, mas não chegamos a conhecer sua origem. Isso é especialmente visto no México e, por isso, é tão importante destacar o acesso ao conhecimento".

Além disso, Paola Romero nos convida a pensar em uma diferença chave ao nos tornarmos ambientalistas. Trata-se de pensar no enfoque e na origem. "No espectro ambiental, existem diferentes problemas que vão desde a parte ecossistêmica até a industrial, e cada indivíduo pode ser parte da solução em qualquer pequeno enfoque ou recorte do problema, do qual ele possa ou se sinta capaz de contribuir", mas também, destaca a especialista, podemos diferenciar também a origem dessa pessoa ambientalista: "devemos considerar se sua origem é política, nacional ou internacional... Porque isso nos permitirá não perder de vista se as soluções que estamos buscando são realmente aplicáveis e viáveis, independentemente do contexto e da situação política local".

Por exemplo, aponta Romero, que o enfoque da RedLAC é a conservação dos recursos, essa é sua linha de trabalho. E embora haja nuances locais que precisam ser conhecidas, manter este foco permite que eles trabalhem para alcançar soluções abrangentes e globais.

"Há 30 anos trabalhamos com organizações locais, comunidades, prefeituras, entre outras, e com todos eles fazemos parcerias para discutir projetos: agricultura orgânica, restauração de ecossistemas, proteção de espécies e muito mais. Mas queremos ir além, e nos relacionar com empresas privadas, para somar esforços ambientais com um enfoque educacional", detalham na RedLAC.

Essa visão de integração e busca de parcerias começa pela educação e perpassa qualquer estágio em que nos encontremos como ambientalistas: "às vezes, conceitos fundamentais como o que é conservar recursos não são bem compreendidos, e nossa missão é trabalhar com uma visão internacional que nos permite fortalecer nossos conhecimentos e trabalhar em conjunto com a América Latina, que tem problemas semelhantes", explica.

Quando perguntamos a Romero quais recomendações ela dá para nos tornarmos cada vez melhores ambientalistas, a resposta foi um convite a:

  • Utilizar as redes como meio para potencializar as ações;
  • Abrir espaços para educação e voluntariado ambiental;
  • Aproximar-se e fortalecer os grupos de ambientalistas;
  • Somar conhecimentos.

"Fazer com que mais pessoas se interessem pelo tema ambiental deve ser nosso objetivo para 2024. Porque, infelizmente, muitos ainda ignoram os problemas e todos temos a solução em nossas mãos", resumem na RedLAC.

Sobre o Movimento Circular

Criado em 2020, o Movimento Circular é um ecossistema colaborativo que se empenha em incentivar a transição da economia linear para a circular. A ideia de que todo recurso pode ser reaproveitado e transformado é o mote da Economia Circular, conceito-base do movimento. O Movimento Circular é uma iniciativa aberta que promove espaços colaborativos com o objetivo de informar as pessoas e instituições de que um futuro sem lixo é possível a partir da educação e cultura, da adoção de novos comportamentos, da inclusão e do desenvolvimento de novos processos, produtos e atitudes.

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