Como o transporte pode ir além do sustentável e tornar-se circular?

Neste Dia Mundial do Transporte Sustentável, vamos refletir sobre como a economia circular pode transformar o setor de mobilidade.

Por Arlene Carvalho, do Movimento Circular

Cada vez mais, a Economia Circular se consolida como uma das tendências globais de sustentabilidade, incentivando empresas, governos, instituições e pessoas a adotarem práticas mais conscientes e integradas. Suas aplicações podem ser observadas em diversos setores, incluindo o de mobilidade. Pensando nisso, neste 26 de novembro, instituído pela Organização das Nações Unidas como Dia Mundial do Transporte Sustentável, convidamos você a refletir: como o transporte pode ir além da sustentabilidade e se tornar verdadeiramente circular?

O relatório mais recente sobre a temática foi lançado pela ONU em 2021. Com o título “Transporte Sustentável, Desenvolvimento Sustentável”, o documento serviu como base para a segunda Conferência Global sobre Transportes Sustentáveis, realizada em Pequim, China e de forma online, naquele ano. Ele trouxe dados mostrando que em 2020 o setor de transporte foi responsável por 24% das emissões diretas de CO2 provenientes da queima de combustíveis no mundo, assim como representou 57% da demanda global de petróleo e 28% do consumo total de energia. No entanto, os transportes desempenham um papel crucial na promoção da conectividade, do comércio, do crescimento econômico e da geração de empregos.

Para o embaixador do Movimento Circular e consultor do G20, da ONU, Prof. Dr. Flávio Ribeiro, é essencial ter em mente que quando a gente fala de Economia Circular, é sempre importante ampliar a discussão, principalmente nesta temática.

“A circularidade na mobilidade vai muito além da redução de emissões. Ela envolve repensar todo o ciclo de vida dos veículos e sistemas de transporte, desde a produção até o reaproveitamento de recursos. É sobre integrar inovação, eficiência e colaboração para criar soluções que beneficiem o planeta e a sociedade. A mobilidade é um tema estratégico para o momento atual da Economia Circular no Brasil, por exemplo, e reflete como a circularidade pode ser aplicada a setores além da produção e resíduos”, afirma. 

Para o professor, também não é possível focar apenas no ciclo produtivo dos transportes, mas em toda a gestão integrada das cidades e suas interconexões. É o que ele traz como sendo as redes de valor circular - um dos principais conceitos apresentados pela nova ISO de Economia Circular, já em vigor no Brasil e em vários outros países, que substitui as cadeias de valor tradicionais, ampliando o conceito para incluir não apenas fornecedores e clientes, como também outras partes interessadas em fazer da circularidade algo onipresente.

"Todas as partes interessadas, desde governos e empresas até universidades, cooperativas e a própria sociedade, precisam estar engajadas. A mobilidade circular exige colaboração em rede para criar soluções que vão além da sustentabilidade, promovendo cidades mais inteligentes, inclusivas e eficientes”, continua.

Ribeiro ainda destaca que, em 2024, o Brasil, por exemplo, tem alcançado importantes avanços na Economia Circular, com expectativa de mais progressos em 2025, especialmente no que diz respeito à mobilidade. Entre os avanços listados por ele estão:

• O Projeto de Lei 1874 de 2022, que propõe a instituição da Política Nacional de Economia Circular (PNEC) e altera as leis nº 10.332/2001 e nº 12.351/2010; 
• A Estratégia Nacional de Economia Circular, lançada em junho deste ano; 
• As próprias normas ISO de Economia Circular;
• O programa Nova Indústria Brasil; 
• O programa Mover do Governo Federal;
• A Lei do Combustível do Futuro. 

Além disso, ainda de acordo com o embaixador, há muitas outras oportunidades para tornar a mobilidade verdadeiramente circular, de acordo com o embaixador. Dentre elas:

• Otimização dos sistemas de transporte para cargas e passageiros, com a utilização de múltiplos modais e arranjos urbanos mais adequados;
• Utilização de novas fontes de energia, como biocombustíveis, biometano, hidrogênio verde e o SAF (combustível de aviação);
• Veículos mais circulares, tanto na eficiência dos equipamentos quanto nos processos de produção e uso, que podem incluir soluções como remanufatura e modelos de "produto como serviço". 

Desse modo, o transporte se apresenta como um dos pilares essenciais para o desenvolvimento sustentável, sendo, conforme o relatório da ONU, crucial para alcançar tanto a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável quanto os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas.

Transporte e circularidade na prática

Parceira do Movimento Circular, a Scania, empresa global fabricante de caminhões, ônibus e motores industriais, marítimos e para a geração de energia, tem se destacado por seu comprometimento em liderar a transição para um sistema de transporte mais sustentável e circular. Sua abordagem à sustentabilidade está enraizada em valores fundamentais e práticas empresariais responsáveis, abrangendo toda a cadeia de valor, desde a obtenção de materiais até o fim da vida útil dos produtos.

Patrícia Acioli, diretora de Sustentabilidade da Operação Industrial da Scania para a América Latina, reforça que ampliar o olhar para a circularidade no setor do transporte é uma necessidade real e que demanda atenção urgente.

“Estamos em um setor altamente intensivo no uso de matéria prima, fazemos uso de recursos naturais em nosso processo fabril e operamos em um modelo de negócio linear.  Mas, sabemos que circularidade é o próximo horizonte do nosso propósito, se adequa à visão e à estratégia de sustentabilidade. Portanto, é ao mesmo tempo uma necessidade e uma oportunidade de impactar toda a cadeia”, comenta.

“Já iniciamos essa  jornada e nosso objetivo é promover o conhecimento, aumentar a conscientização e dar visibilidade ao fato de que não basta o Transporte e a Logística serem descarbonizados, é fundamental serem circular em todo esse processo”, conclui Patrícia. Ela ainda destaca que o desafio é de todos. “A gente também sabe que não mudamos o mundo sozinho. A Scania traz circularidade para dentro do seu negócio, como forma de inspirar e fazer a força para a roda girar”, complementa.

E para você, o que pode ser feito para tornar o transporte cada vez mais circular?

Dentro da celebração do Dia Mundial do Transporte Sustentável, o Movimento Circular realiza, com patrocínio da Scania, o Circular Experience 2024, na Unibes Cultural, em São Paulo/SP. O evento é exclusivo para parceiros e convidados e vai reunir especialistas e líderes do setor para discutir caminhos e estratégias na construção de uma sociedade circular que seja mais eficiente e colaborativa.

Nesta edição, a temática explorada será a “Inovação e Caminhos para Sociedades Circulares” com uma programação imperdível - incluindo dois painéis com grandes especialistas do setor e um almoço para conexões.

“O Dia Mundial do Transporte Sustentável foi criado pela ONU em 2023, desde então, usamos esta data para promover a discussão, os caminhos, as soluções e o engajamento desta pauta. Este ano, nosso olhar foi unir transporte com circularidade. Além disso, eu não sei pensar em circularidade sem pensar em inovação, por isso, aí está uma grande oportunidade para as empresas”, conclui Patricia.

Sobre a Scania

A Scania é uma líder global em soluções de transporte sustentável, com uma história de 128 anos na fabricação de caminhões pesados, ônibus e motores industriais e marítimos. Junto com seus parceiros e clientes, a Scania está comprometida em liderar a mudança para um ecossistema de transporte mais sustentável, criando um mundo de mobilidade melhor para os negócios, a sociedade e o meio ambiente.

Sobre o Movimento Circular

Criado em 2020, o Movimento Circular é um ecossistema colaborativo que se empenha em incentivar a transição da economia linear para a circular. A ideia de que todo recurso pode ser reaproveitado e transformado é o mote da Economia Circular, conceito-base do movimento. O Movimento Circular é uma iniciativa aberta que promove espaços colaborativos com o objetivo de informar as pessoas e instituições de que um futuro sem lixo é possível a partir da educação e cultura, da adoção de novos comportamentos, da inclusão e do desenvolvimento de novos processos, produtos e atitudes. O trabalho conta com a parceria pioneira da Dow, empresa de produtos químicos, plásticos e agropecuários, com sede em Michigan, Estados Unidos. O Movimento Circular contabiliza hoje 2 milhões de pessoas impactadas por suas ativações e conteúdos.

E você? Quer aprender mais sobre Economia Circular?

Se você tem interesse em conhecer mais sobre esse tema, acesse a Circular Academy, o primeiro curso latino-americano gratuito sobre Economia Circular voltado ao público geral. Todos nós, em parceria e colaboração, podemos fazer a diferença na construção de um planeta mais circular.